*Biblioteca*


21/11/2006

*O Livreiro de Cabul*

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Um livro extremamente fascinante. Infelizmente, não fascinante no sentido de ser alegre, mágico.

A autora viveu durante 3 meses, após a queda do Talibã, com uma família afegã, em Cabul. Viveu com e como afegã, e por trás da burca pôde presenciar o cotidiano não só do clã, mas do país em si.

O livro tem trechos que contrastam, de forma chocante, entre si.

Ela observa que “nesta primavera, a única coisa que podem ver é uma ou outra cerejeira rebelde que sobreviveu a bombas, mísseis, três anos de seca e poços envenenados”, para em seguida citar uma descrição do Afeganistão antes da invasão russa, país em que “na primavera, cerejeiras, abricoeiros, amendoeiras e pereiras brigam pela atenção dos viajantes. Uma paisagem florida segue de Cabul por todo o caminho”.

A autora faz uma triste exposição da realidade feminina, que mesmo após a queda do regime fundamentalista, é infeliz, castrada, obrigada a submeter-se aos caprichos masculinos, ainda que completamente descabidos.

Por ser um livro-documentário, não há a preocupação de um final feliz, até porque não há.

Curiosidade é que o patriarca da família que a hospedou, o “livreiro”, acionou-a judicialmente, pois não gostou de como a história foi contada, apesar de ela somente narrar fatos e histórias que presenciou.

11/11/2006

*A Bruxa de Portobello*

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Eu diria que este é o livro mais pagão de Paulo Coelho, desde Brida. Ou melhor, mais que Brida.

É o primeiro que ele fala do retorno da Mãe, e também da nova “inquisição” que a acompanha. Fala das danças ritualísticas, de sufismo, da cultura cigana, do poder da mulher, de amor, fala sobre verdades e mentiras, e sobre a maternidade.

A narrativa é completamente diferente dos demais livros. Isso porque não tem narrador. Imagine que seria feita uma pesquisa. Várias pessoas entrevistadas, e cada uma fala a sua perspectiva sobre os acontecimentos. Daí junte todos os depoimentos em ordem cronológica. O livro é isso.

Não vou dizer que é fácil lê-lo. Como cada capítulo é um fragmento, às vezes é preciso retornar um pouco pra ver onde aquele narrador tinha parado sua história. Aliás, quando terminei o livro, voltei ao primeiro capítulo para fechar o círculo e concluir a história.

Claro que se você não gosta de Paulo Coelho, não vai gostar desse livro, porque a linguagem continua a mesma, mas posso afirmar que é um dos melhores que já li (e olha que já li todos).

A frase do prólogo resume a narrativa (e que eu só descobri depois de “fechar o círculo”):

“Ninguém acende uma lâmpada e a põe em lugar oculto ou debaixo da amassadeira, mas sobre um candeeiro, para alumiar os que entram”.

28/09/2006

*O Caçador de pipas*

Sabe aqueles livros que você começa a ler e não consegue mais parar, enquanto não termina?

O Caçador de Pipas é assim. Como sempre, comprei porque estava na lista de mais vendidos, mas nem sabia do que se tratava… Comprei e deixei na fila de espera.

A Milena já tinha lido e me avisado que era um enredo forte, especialmente pra quem é mãe (assim como o Antonio também comentou aqui no blog), mas eu jamais esperava uma história como essa.

Não se iluda com o nome inocente. O livro narra a história entre dois amigos, Amir e Hassan, e tem como pano de fundo a realidade afegã pré-soviéticos e pós-talibã, dividindo aquela terra em paraíso e apocalipse… A narrativa de alguém que viu a terra onde nasceu e cresceu, as árvores e ruas de sua infância, virarem um lugar desconhecido, cheio de ruína, escombros, sujeira e pobreza… A hipocrisia talibã que assassina em nome de Deus, mas que comete atrocidades nas suas costas… A infância roubada das crianças, a alma sugada de dentro delas, a falta de brilho nos seus olhos que denuncia que a vida ali nem existe mais…

Sinceramente, nunca li um livro como esse. Marcou uma época, a história literária e a mim. É inesquecível e merece ser lido. Sempre.

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