*A urgência do tempo*

Eu me lembro quando tinha uns 13, 14 anos, e passava horas embaixo de uma árvore com as amigas, chupando manga (literalmente), vendo a preguiça da tarde se alongar por horas (longas e infinitas horas), até o sol se por.

Eu sinto muita falta dessa letargia gostosa…

Me lembro de como demorava para o tempo passar quando estava na aula. Aquele breve período parecia ser eterno.
O aniversário, que, deveria demorar 365 dias para chegar, parecia que demorava uns 5 anos pra chegar.

Hoje, o tempo não passa, ele escoa. As horas duram minutos; os meses, horas; os anos, dias.

Tudo é rápido, muito rápido, e as pessoas, o mundo, e o tempo tem que acompanhar essa urgência. A comunicação, as notícias, a exposição, tudo agora! A minha impressão é que tudo se tornou tão supérfluo e passageiro, pra poder acompanhar o tempo desembestado que não desacelera nunca…

Hoje eu faço 41 anos. QUARENTA E UM! Quando foi que isso aconteceu? Não é possível que se passaram todos esses anos desde o meu nascimento!

Mas é. Eles passaram. Pra onde foram? Não tenho a mínima ideia.

Outro dia estava comentando que a minha mãe, que tem 82 anos, é ativa até demais, porque na cabeça dela, ela tem 40 anos, mas o corpo não acompanha mais o pique daquela idade.

Super me identifico com isso, e por isso sofro com essa correria toda. Pode ser que o dia de hoje esteja me fazendo ficar nostálgica, mas o fato é que eu ainda me sinto como a adolescente sentada embaixo da árvore esperando a tarde preguiçosa que não terminava nunca passar….