*Infância perdida*
Esse feriado foi muito bom. Fomos para uma chácara em Valinhos, que já tínhamos reservado desde julho, com 7 casais amigos e as respectivas crias… O fato é que estava tão bom, que acabamos esquecendo de tirar muitas fotos… risos…
(As 3 primeiras fotos são da minha peruinha no cabelereiro, mas eu não podia deixar de colocar… hehehe)
Eu andei pensando muito sobre a infância da Isa, depois de ler a matéria da Pais e Filhos desse mês: a importância de brincar ao ar livre..
Eu costumo dizer que a minha geração foi a última a crescer em liberdade. Eu tive a sorte de poder brincar na rua, pular amarelinha, caracol, jogar mamãe da rua, andar de bicicleta, apertar a campainha dos vizinhos e sair correndo…
Lembro perfeitamente que nas férias, eu saía às 9 horas da manhã de casa e só voltava às 6 da tarde… às vezes aparecia para almoçar, trazendo alguma amiga comigo, às vezes almoçava na casa de alguma amiga.
E sempre voltava pra casa sã e salva, sem que meus pais se preocupassem demais com onde eu estava, ou o que poderia ter acontecido…
Hoje em dia isso é uma utopia. Nossas crianças crescem fechadas, por razões óbvias de segurança. De casa pra escola, da escola pra casa, talvez uma passadinha no clube ou no shopping, mas tudo devidamente monitorado, claro.
Mas, por outro lado, fiquei feliz por estar conseguindo que a Isa cresça tendo, pelo menos, uma sombra da minha infância. Quase sempre ela tem a oportunidade de correr na grama, brincar na terra e na água, seja numa piscina, com o esguicho ou numa poça dágua no quintal…. E se isso significar alguns joelhos ralados, uma porção de terra engolida de vez em quando, ou um espinho no pé, que seja.
Não quero que a minha filha seja uma criança fruto de uma infância artificial, viciada em TV e computador e que só faça programas elitizados. Claro que numa cidade como a nossa, ir ao shopping é atividade praticamente obrigatória, mas nunca a levei num teatro ou ao cinema, por exemplo.
Blasfêmia? De forma alguma. De que adianta eu levá-la pra assistir a duas horas de espetáculo, ou filme, se ela ainda não consegue se concentrar mais que 15 minutos num DVD? Pra eu e ela nos estressarmos? Como costumo dizer, não, obrigada, to bem assim….
Às vezes eu acho que as crianças hoje são muito “precocizadas” (nem sei se é uma palavra, se não for, acabei de inventar…), e com isso, a infância é cada vez mais curta. Alguns pais parecem ter uma ânsia em culturizar demais seus filhos, mostrar que são inteligentes e precoces, o que eu não acho que seja uma coisa boa… adiantar as coisas pra quê? Tudo tem o seu tempo….
Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que fui ao cinema… foi para assistir ET. Eu devia ter uns 7 anos mais ou menos e fiquei encantada… Mas, se meus pais tivessem me levado com 1 ano e meio de idade, com certeza eu não lembraria de como foi mágica a primeira vez na frente da telona… Como dizia o meu pai, tem hora pra tudo.
Agora, o que não tem hora, é pra brincar, imaginar, ouvir e contar histórias, se sujar, se divertir, pisar no chão, se molhar na água, viver em contato com animais e plantas….
Um exemplo de como tudo isso faz falta nessa educação cult e fechada: eu e a Isa compartilhamos do mesmo amor aos animais, e minha filha não pode ver um cachorro ou gato, que já quer ir “falar” com ele, fazer carinho, dar comida, diferente de grande parte de crianças da idade dela (ou até maiores), que não pode ver um chiuaua minúsculo, que corre desesperada pro colo da mãe… mas é claro que só poderia ser essa a reação…. a criança teme o que é desconhecido pra ela…
A infância é uma só, e eu acho que a criança tem que ter as melhores recordações desse período único da vida… Eu tenho excelentes memórias, dos natais mágicos, à espera do Papai Noel, das brincadeiras na rua, das chuvas na pracinha, e também dos tombos e das broncas…
Eu penso da seguinte forma: ver TV, mexer no computador, ir ao teatro e ao cinema, minha filha poderá fazer em qualquer idade… mas curtir a infância como criança, ela só pode agora….. Precisamos, como pais, tentar resgatar essa infância perdida para as nossas crianças….
A minha geração pode ter sido a última a ter a infância em liberdade, mas espero, do fundo do meu coração, que a da Isa não seja a última a ter infância….