*Síndrome de Peter Pan*
E na última noite do feriado na chácara, Isadora começa a chorar.
– Isa, porque você está chorando?
– Meu coração não tá bem…
– Mas o que tem seu coração?
– Eu to com medo!
– Medo de que?
– De crescer! Eu não quero crescer! Ser adulto é ruim, eu não quero crescer!!!
Quase uma hora de conversa, que ela não precisa se preocupar com isso, ela tem é que ser criança e aproveitar agora, deixar pra pensar em ser adulta quando for, e blablabla, Isadora finalmente se acalmou e dormiu.
“Caro leitor, você acha que é fácil despedir-se dos primeiros seis anos de vida?
Não, não é nem um pouco fácil perder a segurança, mesmo que ilusória, transmitida pela presença constante dos pais. E a criança sabe que, a partir de então, terá de começar a caminhar na vida com suas próprias pernas.
É isso que significa crescer, fato que irá dominar a vida da criança a partir dos sete anos, mais ou menos.”
Rosely Sayão definiu muito bem a angústia da Isadora.
E quem pode culpá-la?
Eu não. Na verdade, sou perfeito exemplo feminino da Síndrome de Peter Pan. Eu nunca quis crescer.
Crescer é complicado. É ter responsabilidades, problemas. É ter que tomar decisões importantes, difíceis, e muitas vezes, contrárias aos nossos sentimentos. Mas faz parte da vida, não tem como evitar.
E quem nunca sonhou em voltar a ser criança, no meio de um furacão que a vida adulta lhe trouxe, que atire a primeira pedra.