*Contos de Fadas*

Ler um conto de fadas a uma criança é muito mais do que contar-lhe uma qualquer história. É dar-lhe asas e respostas para a vida. Não deixe o seu filho em terra

Os contos de fadas oferecem respostas para todas as dúvidas existenciais e angústias da infância. Muitos psicanalistas, psicoterapeutas e especialistas em desenvolvimento infantil estudaram a forma como estes contos actuam nas crianças que os escutam. «Todos os problemas e ansiedades infantis, como a necessidade de amor, o medo do desamparo, da rejeição e da morte são colocados nos contos em lugares fora do tempo e do espaço, mas muito reais para as crianças», afirma o psicanalista Bruno Bettelheim no seu livro Psicanálise dos Contos de Fadas.

Ainda segundo este autor, estes contos «são orientados para o futuro e guiam a criança na procura de uma existência mais independente». As personagens boas e más, sempre bem distintas, os obstáculos que enfrentam, os desfechos que não trazem finais felizes para todos, contribuem para a formação da personalidade, para o equilíbrio, para o bem-estar e – há quem jure a pés juntos – contribuem também para a sabedoria e para a felicidade.

Por isso são imprescindíveis na «dieta» das crianças. Hoje, são muitas as que passam «fome» deste alimento – porque é preciso crescer rápido, porque é preciso ser racional num mundo competitivo e, basicamente, porque o tempo parece não chegar.

Mas há quem tenha sacudido o pó dos livros mais antigos e feito renascer a magia, servindo verdadeiros banquetes a meninos ávidos.

Cláudia Valentim abriu, há três anos, em Óbidos, a Casa das Fadas. Aí, recebe grupos escolares de todo o país.
Centenas de crianças passaram já pelo seu pequeno jardim para ouvir contar uma história, através de marionetas muito especiais.

Sem pressa

A criança identifica-se sempre com uma personagem da história, consoante a fase pela qual está a passar, tal como pode associar outras pessoas importantes da sua vida a outras personagens. Para que essa identificação seja mais fácil, as marionetas, segundo a pedagogia Waldorf, não devem ter rosto. Assim, é mais fácil para a criança imaginar. «As ilustrações não conseguem dar a mesma vivência de um teatro de marionetas, mas claro que também é importante contar estas histórias em casa», defende Cláudia Valentim.

Importante também é escolher uma boa versão (Charles Perrault, Irmãos Grimm, Anderssen) e estar disponível. O que é muito diferente de ler a despachar. «Não se pode ler um conto de fadas com pressa ou cheio de stress. É preciso estar de alma e coração», alerta Cláudia. «Caso contrário, é preferível ler outro tipo de história», recomenda.

(Fonte: Criando Meus Filhos)

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